O falecimento precoce de um jovem por infarto, nesta semana, em São José do Rio Pardo, reacendeu o debate sobre a possível relação entre o aumento do número de casos de infarto em jovens e a vacinação contra a COVID-19.
A análise de dados oficiais e estudos científicos, com foco no Brasil devido à disponibilidade de informações recentes em português, indica um aumento expressivo nas taxas de infarto agudo do miocárdio (IAM) em adultos jovens nas últimas décadas, tendência que se consolidou nos últimos cinco anos.
O cenário revela uma complexa interação de fatores de risco comportamentais, ambientais e, mais recentemente, os impactos da pandemia de COVID-19.
Tendência no Brasil
(Últimos 5 anos e décadas recentes)
Aumento de internações e casos: Levantamentos do Ministério da Saúde e análises de instituições de cardiologia, citados pela imprensa e pela Associação Paulista de Medicina (APM), indicam que as internações por infarto em pessoas com menos de 40 anos subiram entre 150% e 184% nas últimas duas décadas (2000 a 2022).
O crescimento recente tem sido classificado como “preocupante” e “exponencial”.
Faixa etária mais afetada:
Estudos realizados entre 2019 e 2024 mostram que a faixa etária de 30 a 34 anos é a mais impactada em termos de internações e óbitos por IAM.
Fatores tradicionais
Cardiologistas e pesquisas epidemiológicas associam o aumento principalmente à piora dos hábitos de vida dos jovens, incluindo:
Sedentarismo e obesidade: Considerados tão importantes quanto o tabagismo como fatores de risco.
Uso de tabaco e drogas: A prevalência de tabaco, cigarros eletrônicos e anabolizantes tem aumentado entre adolescentes e adultos jovens.
Hipertensão e diabetes em idades precoces.
Estresse crônico e dificuldades de adaptação à vida urbana.
Impacto da pandemia de COVID-19
A pandemia introduziu um fator de risco adicional: Inflamação pós-COVID: Estudos indicam aumento de eventos cardiovasculares, incluindo IAM, durante e após a infecção, devido à inflamação sistêmica e vascular causada pelo vírus.
É fundamental diferenciar o aumento histórico do IAM primário, relacionado à aterosclerose acelerada por maus hábitos, do risco raro de miocardite ou pericardite associado às vacinas de RNA mensageiro (RNAm), como discutido em publicações recentes.
Contexto global e prevenção
Embora os dados específicos da Europa sobre IAM em jovens nos últimos cinco anos não sejam detalhados, a literatura internacional reconhece o infarto em jovens como um problema crescente.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e sociedades de cardiologia globais enfatizam a prevenção primária, focando nos fatores de risco modificáveis.
Em síntese, o aumento de infartos em jovens é anterior à vacinação em massa contra a COVID-19 e está predominantemente ligado a fatores de risco clássicos, embora a infecção por SARS-CoV-2 também seja um fator recente relevante.
Associação: Miocardite e Pericardite
O principal evento cardíaco associado às vacinas de RNAm (Pfizer e Moderna) não é o IAM, mas a miocardite (inflamação do músculo cardíaco) e a pericardite (inflamação do revestimento do coração).
Estudos conduzidos pela Anvisa no Brasil, pelo CDC nos EUA e pela EMA na Europa confirmam essa associação, embora seja rara. Dados brasileiros mostram incidência extremamente baixa por dose aplicada, com maior risco em homens adolescentes e adultos jovens, tipicamente poucos dias após a segunda dose.
Prognóstico e análise de risco
O prognóstico da miocardite e pericardite pós-vacinação é majoritariamente favorável. A maioria dos casos é autolimitada, com rápida recuperação, e apresenta melhor desfecho do que inflamações cardíacas decorrentes da infecção por SARS-CoV-2.
Algumas revisões e estudos de caso observaram ocorrência da Síndrome de Takotsubo (cardiomiopatia de estresse, que simula infarto) em receptores da vacina. No entanto, não há evidência de associação causal significativa para IAM primário.
Conclusão dos órgãos de saúde
O consenso de autoridades sanitárias brasileiras e europeias é unânime: o benefício das vacinas contra a COVID-19 supera os riscos raros de miocardite e pericardite.
A vigilância contínua dos Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização (ESAVI) reforça que a vacinação é a principal estratégia de saúde pública para o controle da pandemia, prevenindo casos graves, hospitalizações e mortes.
Fonte e Foto: Democrata
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