AREAL – Conhecida como a “cidade da uva” na Região Serrana do Rio, o município de Areal se viu no centro de um escândalo nacional de proporções bilionárias. A família Eloy, responsável pela criação da vinícola de luxo Borgo Del Vino, foi alvo da Operação Fantasos, deflagrada pela Polícia Federal na manhã da última quarta-feira (30). Três integrantes da família são investigados por envolvimento direto em um esquema internacional de pirâmide financeira com criptomoedas, em parceria com o golpista Douver Torres Braga, atualmente preso nos Estados Unidos.
O grupo, segundo a PF, teria atuado na lavagem de dinheiro oriundo da falsa plataforma de investimentos Trade Coin Club, criada por Douver em 2016. A empresa prometia rendimentos mensais de até 11% com o uso de um “robô de microtransações em Bitcoin”, mas operava na verdade como um clássico esquema Ponzi, que utilizava recursos de novos investidores para pagar os mais antigos. O golpe movimentou mais de US$ 295 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão) e enganou mais de 100 mil pessoas ao redor do mundo entre 2016 e 2018.
Durante as ações em Areal, Petrópolis e Itaipava, a PF apreendeu dois veículos de luxo avaliados em R$ 1 milhão cada, além de joias, embarcações, relógios, criptomoedas, dinheiro em espécie e documentos fiscais ligados à empresa. Os investigadores apontam que a vinícola, fundada após uma viagem à Toscana, era usada como fachada para esquentar recursos desviados, além de reforçar o estilo de vida luxuoso mantido pela família Eloy, com destaque para o empresário Bernardo Eloy, apontado como operador financeiro do esquema.
O empreendimento vinícola, que promove tours turísticos, degustações e eventos de luxo na Serra, cresceu de forma acelerada nos últimos anos, com a construção de imóveis de alto padrão inspirados na arquitetura italiana e a abertura de negócios paralelos, como pizzarias e lojas gourmet. Porém, a ascensão repentina da família, segundo a investigação, ocorreu graças à reutilização de dinheiro ilícito, que era injetado em empreendimentos imobiliários na região de Itaipava e Angra dos Reis, com o objetivo de valorização e revenda.
As análises da PF revelaram também notas fiscais frias, contratos falsos e movimentações bancárias incompatíveis com a renda declarada pelos membros da família. Bernardo, em especial, ostentava em suas redes sociais viagens internacionais, carros importados, festas exclusivas e imóveis milionários, sem que houvesse lastro fiscal que justificasse tais despesas.
A vinícola Borgo Del Vino, considerada o símbolo da nova fase econômica de Areal, virou agora um dos principais alvos da investigação, sendo apontada como um dos principais instrumentos de lavagem de ativos. Segundo os agentes, parte do capital desviado foi reinvestido diretamente na vinícola e em sua cadeia de serviços, como reformas, marketing e expansão da marca.
A Operação Fantasos é realizada em parceria com o FBI, HSI e IRS-CI, órgãos de investigação dos EUA. A expectativa é de que novas fases da operação aconteçam nas próximas semanas, com foco em identificar outros nomes ligados à estrutura de pirâmide e bloquear ativos mantidos no exterior.
Enquanto o principal articulador do esquema, Douver Braga, responde por crimes federais nos Estados Unidos, no Brasil os envolvidos devem ser indiciados por organização criminosa, estelionato, lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro. A Polícia Federal afirmou que trabalha para o desmonte completo da estrutura criminosa e reforçou que as informações obtidas nesta fase serão cruzadas com dados bancários, fiscais e mensagens apreendidas entre os investigados.
Foto e Fonte: rlagosnoticias
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