Concessionária não deu detalhes sobre a redução do volume nos pontos de captação, mas pede uso consciente da água nesse período
A "estiagem severa" enfrentada pela cidade nos últimos dias "impacta na oferta de água nos mananciais". A informação foi dada pela concessionária Águas do Imperador, em nota encaminhada ao Diário nessa quarta-feira (11/09). Segundo a empresa, "A situação vem sendo agravada pelas altas temperaturas que levam a um maior consumo de água por parte da população".
A concessionária faz a captação d'água em diferentes pontos na cidade: Vargem Grande, Caxambu Grande, Caxambu Pequeno, Pinheiral, Mata Porcos, Rio da Cidade, Retiro das Pedras, Maria Comprida e Taquaril. A água captada vai para oito estações de tratamento, que podem tratar 77.2 milhões de litros por dia.
Na nota enviada ao Diário, a Águas do Imperador não dá detalhes sobre o tamanho dessa redução nos volumes do mananciais, mas divulgou algumas medidas que estão sendo adotadas atualmente: "A concessionária esclarece que intensificou o uso das captações alternativas, bombas extra e de caminhões-pipa, alguns abastecendo as regiões afetadas 24 horas por dia, além de executar medidas técnicas com objetivo de equilibrar a distribuição de água".
MAIS DE 15 DIAS SEM CHUVAS
A cidade completou nessa terça-feira (11/09) 16 dias sem chuva significativa. A última chuva com maior volume foi registrada no dia 26 de agosto, segundo o Inmet (32,2 mm). Depois, foi mais 1,2 mm nos dois dias seguintes. Desde então, nenhuma gota.
Por isso, a Águas do Imperador pediu que "que os moradores façam o uso consciente da água, priorizando as necessidades essenciais do dia a dia". A empresa também informou que, "Em caso de desabastecimento os moradores devem entrar em contato por um dos canais de relacionamento: WhatsApp (21) 97211-8064, site www.aguasdoimperador.com.br , ou 0800 742 0422 (ligações gratuitas de telefones fixos, celulares e longa distância)".
SECA JÁ ERA ESPERADA
Essa condição de falta de chuva vivida em Petrópolis (e em todo país) atualmente não era inesperada. O Plano Inverno 2024, elaborado pela Defesa Civil municipal, na parte que trata do enfrentamento ao período de estiagem, ressalta que o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) já havia emitido prognóstico de que este inverno teria "anomalias positivas de temperatura do ar; ou seja, a temperatura média do ar prevista para o período em 2024 apresenta tendência de valores acima da média climatológica" e que havia "indicação de anomalias negativas de precipitação, ou seja, para o período é esperado que a média da precipitação fique abaixo da climatologia, caracterizando uma suave tendência de um inverno mais seco em 2024".
E é exatamente o que vem acontecendo, em especial, neste mês de setembro, que não teve registro de chuva até o momento - vale dizer que a média histórica é 91 mm no mês, de acordo com o Climatempo. A umidade também anda baixa, chegando a atingir 9% na segunda-feira à noite. O Climatempo aponta que uma frente fria vai passar pela região central do país, mas que só vai amenizar o calor, e de forma temporária: "Apesar do alívio trazido pela frente fria, a onda de calor e o bloqueio atmosférico não irão se dissipar completamente. O sistema que originou a onda de calor permanece ativo no centro-norte do Brasil. Após o deslocamento da frente fria para o Atlântico, a massa de ar quente voltará a se espalhar sobre os estados do Cone-Sul. Por isso, o alívio será temporário e o calor poderá retornar nos dias seguintes".
PRODUTORES RURAIS EVITAM CULTURAS POR DIFICULDADES DE IRRIGAÇÃO
Outro diagnóstico do Plano Inverno sobre a estiagem é que a "escassez de água no município de Petrópolis pode agravar-se em razão do fato de muitas residências utilizarem-se de nascentes, açudes e pequenas barragens para o abastecimento. Em períodos de estiagem, essas fontes secam ou não disponibilizam água suficiente para atender às necessidades dessas pessoas, levando solicitações à concessionária Águas do Imperador para suprir essa demanda, o que, por sua vez, diminui a quantidade de água disponível nos reservatórios e barragens municipais".
Os produtores rurais percebem essa diminuição do volume das nascentes, situação agravada por queimadas.
"O que a gente observa é que as nascentes diminuíram e as queimadas este ano atingiram praticamente todas as áreas rurais em Petrópolis, e quanto mais queimadas, mais reduz o volume das nascentes, porque a proteção natural fica menor. Esse ano o espelho d'água diminuiu", afirma o presidente do Sindicato Rural de Petrópolis, Henrique Mesquita.
Segundo ele, essa redução do volume das nascentes afeta a irrigação, e é exatamente por isso que os produtores do município já evitam plantações nesta época. Outro motivo é a menor demanda pelos principais produtos cultivados nas lavouras de Petrópolis (são folhas e legumes, que são menos consumidos nessa época).
Por isso, as áreas rurais da cidade não foram tão afetadas pela estiagem até o momento, seja por perdas econômicas ou de produção.
"Sempre há alguma perda pontual, mas não é nada significativo até o momento, até porque o produtor não planta nessa. Como o tempo já é seco, o solo fica muito seco e a irrigação não dá conta, seria preciso fazer muita irrigação, porque o solo seca muito rápido nessa época. Só a irrigação, sem chuva, não dá conta", contou.
AÇÕES PARA ENFRENTAR A ESTIAGEM
O Plano Inverno elaborado pela Defesa Civil prevê 10 ações para o enfrentamento ao período de estiagem, que vão desde correção de vazamentos, campanhas educativas sobre o uso consciente de água, monitoramento da condição em áreas rurais (em particular, com atenção às culturas agrícolas e cuidados para criação de animais) e vigilância das fontes de captação, até medidas para o caso de necessidade de restrição de consumo: interação com a concessionária Águas do Imperador para definir estratégias de fornecimento alternativo; redução de fornecimento de água de forma programada e com comunicação prévia à população; uso de caminhões-pipa para atender locais de serviços prioritários, como hospitais, postos de saúde, Corpo de Bombeiros, Batalhões e Delegacias de Polícia; caminhões-pipa para fornecimento em áreas rurais de água para animais e uso em agricultura; fornecimento de água potável direto para a população por meio de caminhões-pipa, com prioridade para as áreas mais afetadas; e proibição de uso de água potável para atividades não essenciais, como enchimento de piscinas, lavagem de veículos e irrigação de jardins.
O Diário também questionou a prefeitura se há ações em execução ou planejamento para atender a demanda por atendimento de saúde e também atendimento social de pessoas em situação de rua e vulnerabilidade provocadas pelo calor intenso e baixa umidade, mas não recebemos respostas.
Governo Federal estuda retomar horário de verão
A estiagem também afeta a geração de energia pelas hidrelétricas. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nessa quarta-feira (11) que a volta do horário de verão está em análise para enfrentar a escassez hídrica.
"É aquele horário que o cidadão vai para casa, liga o ar-condicionado, liga o ventilador. Ele vai tomar banho, vai tomar todo mundo quase que junto, abre a televisão para assistir um jornal, para poder assistir um filme, e naquele horário nós temos um grande pico, e é exatamente no momento onde nós estamos perdendo as energias intermitentes", afirmou.
O horário de verão não provoca uma redução do consumo, mas altera o hábito das pessoas, mudando o pico de consumo de energia, o que permite uma melhor gestão do sistema elétrico do país. Esse horário foi implementado em 1985 e interrompido em 2019.
fonte: Diário de Petrópolis
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