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quinta-feira, 12 de setembro de 2024

ÁGUAS DO IMPERADOR CONFIRMA BAIXA NOS MANANCIAIS POR CAUSA DE "ESTIAGEM SEVERA"

ÁGUAS DO IMPERADOR CONFIRMA BAIXA NOS MANANCIAIS POR CAUSA DE "ESTIAGEM SEVERA"















 Concessionária não deu detalhes sobre a redução do volume nos pontos de captação, mas pede uso consciente da água nesse período

A "estiagem severa" enfrentada pela cidade nos últimos dias "impacta na oferta de água nos mananciais". A informação foi dada pela concessionária Águas do Imperador, em nota encaminhada ao Diário nessa quarta-feira (11/09). Segundo a empresa, "A situação vem sendo agravada pelas altas temperaturas que levam a um maior consumo de água por parte da população".

A concessionária faz a captação d'água em diferentes pontos na cidade: Vargem Grande, Caxambu Grande, Caxambu Pequeno, Pinheiral, Mata Porcos, Rio da Cidade, Retiro das Pedras, Maria Comprida e Taquaril. A água captada vai para oito estações de tratamento, que podem tratar 77.2 milhões de litros por dia.

Na nota enviada ao Diário, a Águas do Imperador não dá detalhes sobre o tamanho dessa redução nos volumes do mananciais, mas divulgou algumas medidas que estão sendo adotadas atualmente: "A concessionária esclarece que intensificou o uso das captações alternativas, bombas extra e de caminhões-pipa, alguns abastecendo as regiões afetadas 24 horas por dia, além de executar medidas técnicas com objetivo de equilibrar a distribuição de água".

MAIS DE 15 DIAS SEM CHUVAS 

A cidade completou nessa terça-feira (11/09) 16 dias sem chuva significativa. A última chuva com maior volume foi registrada no dia 26 de agosto, segundo o Inmet (32,2 mm). Depois, foi mais 1,2 mm nos dois dias seguintes. Desde então, nenhuma gota.

Por isso, a Águas do Imperador pediu que "que os moradores façam o uso consciente da água, priorizando as necessidades essenciais do dia a dia". A empresa também informou que, "Em caso de desabastecimento os moradores devem entrar em contato por um dos canais de relacionamento: WhatsApp (21) 97211-8064, site www.aguasdoimperador.com.br , ou 0800 742 0422 (ligações gratuitas de telefones fixos, celulares e longa distância)".

SECA JÁ ERA  ESPERADA

Essa condição de falta de chuva vivida em Petrópolis (e em todo país) atualmente não era inesperada. O Plano Inverno 2024, elaborado pela Defesa Civil municipal, na parte que trata do enfrentamento ao período de estiagem, ressalta que o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) já havia emitido prognóstico de que este inverno teria "anomalias positivas de temperatura do ar; ou seja, a temperatura média do ar prevista para o período em 2024 apresenta tendência de valores acima da média climatológica" e que havia "indicação de anomalias negativas de precipitação, ou seja, para o período é esperado que a média da precipitação fique abaixo da climatologia, caracterizando uma suave tendência de um inverno mais seco em 2024".

E é exatamente o que vem acontecendo, em especial, neste mês de setembro, que não teve registro de chuva até o momento - vale dizer que a média histórica é 91 mm no mês, de acordo com o Climatempo. A umidade também anda baixa, chegando a atingir 9% na segunda-feira à noite. O Climatempo aponta que uma frente fria vai passar pela região central do país, mas que só vai amenizar o calor, e de forma temporária: "Apesar do alívio trazido pela frente fria, a onda de calor e o bloqueio atmosférico não irão se dissipar completamente. O sistema que originou a onda de calor permanece ativo no centro-norte do Brasil. Após o deslocamento da frente fria para o Atlântico, a massa de ar quente voltará a se espalhar sobre os estados do Cone-Sul. Por isso, o alívio será temporário e o calor poderá retornar nos dias seguintes".

PRODUTORES RURAIS EVITAM CULTURAS POR DIFICULDADES DE IRRIGAÇÃO 

Outro diagnóstico do Plano Inverno sobre a estiagem é que a "escassez de água no município de Petrópolis pode agravar-se em razão do fato de muitas residências utilizarem-se de nascentes, açudes e pequenas barragens para o abastecimento. Em períodos de estiagem, essas fontes secam ou não disponibilizam água suficiente para atender às necessidades dessas pessoas, levando solicitações à concessionária Águas do Imperador para suprir essa demanda, o que, por sua vez, diminui a quantidade de água disponível nos reservatórios e barragens municipais".

Os produtores rurais percebem essa diminuição do volume das nascentes, situação agravada por queimadas.

"O que a gente observa é que as nascentes diminuíram e as queimadas este ano atingiram praticamente todas as áreas rurais em Petrópolis, e quanto mais queimadas, mais reduz o volume das nascentes, porque a proteção natural fica menor. Esse ano o espelho d'água diminuiu", afirma o presidente do Sindicato Rural de Petrópolis, Henrique Mesquita.

Segundo ele, essa redução do volume das nascentes afeta a irrigação, e é exatamente por isso que os produtores do município já evitam plantações nesta época. Outro motivo é a menor demanda pelos principais produtos cultivados nas lavouras de Petrópolis (são folhas e legumes, que são menos consumidos nessa época).

Por isso, as áreas rurais da cidade não foram tão afetadas pela estiagem até o momento, seja por perdas econômicas ou de produção.

"Sempre há alguma perda pontual, mas não é nada significativo até o momento, até porque o produtor não planta nessa. Como o tempo já é seco, o solo fica muito seco e a irrigação não dá conta, seria preciso fazer muita irrigação, porque o solo seca muito rápido nessa época. Só a irrigação, sem chuva, não dá conta", contou.

AÇÕES PARA ENFRENTAR A ESTIAGEM 

O Plano Inverno elaborado pela Defesa Civil prevê 10 ações para o enfrentamento ao período de estiagem, que vão desde correção de vazamentos, campanhas educativas sobre o uso consciente de água, monitoramento da condição em áreas rurais (em particular, com atenção às culturas agrícolas e cuidados para criação de animais) e vigilância das fontes de captação, até medidas para o caso de necessidade de restrição de consumo: interação com a concessionária Águas do Imperador para definir estratégias de fornecimento alternativo; redução de fornecimento de água de forma programada e com comunicação prévia à população; uso de caminhões-pipa para atender locais de serviços prioritários, como hospitais, postos de saúde, Corpo de Bombeiros, Batalhões e Delegacias de Polícia; caminhões-pipa para fornecimento em áreas rurais de água para animais e uso em agricultura; fornecimento de água potável direto para a população por meio de caminhões-pipa, com prioridade para as áreas mais afetadas; e proibição de uso de água potável para atividades não essenciais, como enchimento de piscinas, lavagem de veículos e irrigação de jardins.

O Diário também questionou a prefeitura se há ações em execução ou planejamento para atender a demanda por atendimento de saúde e também atendimento social de pessoas em situação de rua e vulnerabilidade provocadas pelo calor intenso e baixa umidade, mas não recebemos respostas.

Governo Federal estuda retomar horário de verão

A estiagem também afeta a geração de energia pelas hidrelétricas. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nessa quarta-feira (11) que a volta do horário de verão está em análise para enfrentar a escassez hídrica.

"É aquele horário que o cidadão vai para casa, liga o ar-condicionado, liga o ventilador. Ele vai tomar banho, vai tomar todo mundo quase que junto, abre a televisão para assistir um jornal, para poder assistir um filme, e naquele horário nós temos um grande pico, e é exatamente no momento onde nós estamos perdendo as energias intermitentes", afirmou.

O horário de verão não provoca uma redução do consumo, mas altera o hábito das pessoas, mudando o pico de consumo de energia, o que permite uma melhor gestão do sistema elétrico do país. Esse horário foi implementado em 1985 e interrompido em 2019.



fonte: Diário de Petrópolis 

imagens: facebook


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