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domingo, 30 de junho de 2024

Fiocruz alerta para meningite transmitida por caramujo

Fiocruz alerta para meningite transmitida por caramujo


 












Uma morte foi confirmada em abril, na cidade de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro; doença é causada pelo verme Angiostrongylus cantonensis


O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) confirmou a presença do verme causador de meningite eosinofílica em caramujo coletado na cidade de Nova Iguaçu (RJ).O serviço foi acionado pela Secretaria Municipal de Saúde da cidade após a confirmação de uma morte pela doença, em 22 de abril, e a detecção foi comunicada ao Ministério da Saúde após exame parasitológico dos moluscos e sequenciamento genético do parasito.


De um total de 22 moluscos analisados, um molusco da espécie Pomacea maculata (conhecido como lolô ou aruá) estava infectado.


A meningite eosinofílica é a transmitida por caramujos e é causada pelo verme Angiostrongylus cantonensis. No ciclo de vida desse verme, roedores atuam como hospedeiros das formas adultas do parasito, que se reproduzem no organismo dos animais e geram larvas (formas jovens do verme).


As larvas são eliminadas nas fezes dos ratos e ingeridas por caramujos. Dentro dos moluscos, elas adquirem a forma capaz de infectar animais vertebrados. A infecção humana ocorre quando as pessoas ingerem um caramujo infectado ou o muco liberado por ele, contendo as larvas do verme.


As orientações para a população foram reforçadas na região onde o caso foi registrado.


No Brasil, muitos casos são associados ao molusco Achatina fulica, conhecido como caracol gigante africano, segundo a chefe do Laboratório de Malacologia do IOC/Fiocruz, Silvana Thiengo.

"Porém, outros moluscos terrestres e aquáticos também podem transmitir o parasito. A população precisa estar alerta para adotar cuidados ao manusear caramujos, higienizar verduras e não ingerir esses animais crus ou malcozidos."


A dor de cabeça é o sintoma mais comum da doença. Rigidez da nuca e febre, que são comuns em outras formas de meningite, ocorrem apenas em parte dos casos de meningite eosinofílica. Alguns pacientes apresentam ainda distúrbios visuais, enjoo, vômito e parestesia persistente (como, por exemplo, sensação de formigamento ou dormência).


De acordo com a Fiocruz, na maioria dos casos, o paciente se cura espontaneamente, mas acompanhamento médico é importante porque alguns indivíduos desenvolvem quadros graves, que podem levar à morte. O tratamento busca reduzir a inflamação no sistema nervoso central e aliviar a dor, além de evitar complicações.


Como evitar?

Para combater o vetor, o indicado é catar manualmente dos caramujos, da seguinte forma: usando luvas ou sacos plásticos para proteger a mãos; colocá-los em recipiente com água fervente por cinco minutos; quebrar as conchas e enterrá-las ou jogá-las no lixo (as conchas não devem ser descartadas inteiras porque podem acumular água, tornando-se criadouros do mosquito Aedes aegypti).


Outros cuidados importantes são: não ingerir moluscos crus ou malcozidos, incluindo caracóis terrestres, lesmas e caramujos aquáticos; e lavar bem frutas e verduras, deixando de molho por 30 minutos em mistura com um litro de água e uma colher de sopa de água sanitária, enxaguando-as bem em água corrente antes do consumo.


Para mapear o risco de infecção, os municípios devem realizar a coleta periódica de moluscos de interesse médico e enviar os espécimes para análise parasitológica, que é realizada pelo Serviço de Referência do IOC/Fiocruz.


As especialistas ressaltam que o alerta vale não só para o Rio de Janeiro, mas também para outros estados do Brasil. De 2008 a 2021, o Serviço de Referência para Esquistossomose-Malacologia detectou o verme A. cantonensis em moluscos de 14 unidades da federação.


"É importante que as Secretarias de Saúde e a classe médica tomem conhecimento desse cenário para uma prevenção efetiva e diagnósticos mais rápidos", destaca a bióloga do Laboratório de Malacologia Jucicleide Souza. 




fonte: Folhapress


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